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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Afinidade

Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois. A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. E o mais independente também.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras, é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Não é sentir nem sentir contra… Nem sentir para… Nem sentir por… Nem sentir pelo… Afinidade é sentir com.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber… É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida.

Artur da Távola


Mulheres Caras


Cara é a mulher que quando a vida lhe deu um limão fez logo a limonada. Uma jarra enorme, gelada e adoçada.
Barata é a que ficou azeda.
Cara é a mulher que diante dos sonhos desfeitos, reorganizou-os como pode, juntou caquinhos no chão, catou migalhas, mas se refez.
Mulher barata é a que manteve sonhos extintos, virou o pesadelo dos que a cercam e nunca acordou.
Cara é a mulher que descobriu seu corpo, apaixonou-se pelos seus defeitos e aprendeu a exibir-se com a maestria de quem é segura de seu poder.
Barata é aquela que nem sabe como é, não ousou se conhecer e vive tentando se esconder ou mostrar o que não é….
Mulher cara tem brilho nos olhos.
Barata só tem rugas.
Cara é a mulher que saiu a luta, foi ao fundo do poço e…voltou!
Barata é quem vive nas bordas, dependurada, sem coragem de se soltar.
Cara é a mulher que muda de casa, de cidade, de país, de marido, de namorado, de emprego quantas vezes for preciso mas se mantém fiel aos seus princípios.
Barata até muda, mas só a casca. Por dentro mantém as paredes rachadas, o relacionamento falido, o fracassado passado.
Cara é a mulher que tem assunto: Fala de política, moda, cozinha e amor com a mesma desenvoltura.
Barata só fala dos outros, porque de si mesma nada tem de interessante para contar.
A mulher cara ri a toa, é feliz com o que tem, e de tão bem humorada ri até de si mesma.
A mulher barata é carrancuda. Reflete por fora o que realmente é por dentro, não sorri…finge.
Mulher cara tem amigos. Muitos. Verdadeiros e pela vida inteira. Amigos que a admiram e defendem até debaixo d’água..
A barata tem conhecidos. Gente que foge como o diabo da cruz mas que quando não tem jeito…a aturam.
A cara é desprendida e solta.
A barata é pegajosa.
A cara é leve e livre.
A barata é pesada e presa.
Mulher cara tem preço sim e sabe disso. É rara no mercado.
Mulher barata tem aos montes. Pilhas, lotes, containers lotados!
Porque …ahh essas ninguém quer!”
Um viva as mulheres caras!!