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sábado, 13 de dezembro de 2014

Valorizo as pessoas com quem posso conversar...

Em dias como hoje, o desejo de possuir alguém me vem como água a um sedento no deserto. Têm dias que você nem queria beijo, só abraço, um papo, um trato, um dorme bem. A gente sente falta de uma conversa depois do trabalho, uma atenção extra. Um desejo atendido. Todos passam por dias de carência excessiva, onde qualquer resposta mal dada, te tira o brilho dos olhos. Todos passam por dias de cão, de gato, de caça, de caçador . Todo mundo tem altos e baixos. Especialmente nos picos e nos poços mais fundos, os desejos de possuir alguém se acentuam. Valorizo as pessoas com quem posso conversar . Essas são as mais raras. Dificilmente a gente encontra alguém que o papo casa, que as palavras batem, que as frases se completam. Vez ou outra, a gente esbarra em gente até completa ou vazia, mas falta papo  A gente enrola, protela, mas no fim, não conversa. Nasci falante por naturezaGosto mais de conversar, que de beijar. Apesar de achar que as duas coisas sempre vêm a calhar . Não sei, estranhamente sempre valorizei mais as trocas, ou as coisas que podemos nos acrescentar, do que essas coisas feitas pra ostentar . Não gosto só da beleza física, procuro sempre algo no olhar. No jeito de falar. Na maneira de caminhar . A fascinação que as pessoas têm tá no jeito que elas sorriem enquanto falam. Ou só sorriem, ou só falam . Cada um tem um jeito diferente de encantar. Acho mesmo, que o melhor de se possuir alguém, é ter aquele alguém com quem conversar . Ligar no meio do dia só para contar que ouviu no rádio aquela música que teve gosto daquele beijo. Ou chegar ao fim do dia, e mandar uma mensagem dizendo que, assim, como quem não quer nada, abraçou o travesseiro e lembrou do cheiro. Daí a gente dorme . Dorme porque isso ainda se pode. Não de conchinha, mas dorme . Daí a gente sonha. Não com alguém, mas com o desejo de ir além. Daí a gente acorda. Não ouvindo um ‘bom dia’, mas torcendo pra ser . Daí a gente vive. Não só por viver, mas pra tirar do singular, tudo que a gente sonhou plural.

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