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sábado, 3 de janeiro de 2015

Eu te amo!

Na minha casa se dizia eu te amo o tempo todo : Alguém , me acorda às seis, te amo . Saí pra comprar pão, amo vocês . Desculpa por ter sido grossa, e obrigada por me amarem mesmo assim . O amor estava nas brigas, nas cócegas, nas cantorias na cozinha e em todos os outros espaços da casa . É tão natural que eu saia por aí espalhando amor, dizendo amor, escrevendo e sorrindo amor . Não sei ser contida e pensar mil vezes antes de dizer que gosto de alguém . Até consigo, mas o amor fica querendo sair por cada poro do meu corpo, tornando uma luta desagradável, essa de não dizer . Não era para ser desse jeito . As pessoas não deviam entrar em pânico e sumir ao ouvir que outras se importam, muito pelo contrário : Deviam deixá-las mostrar o que são capazes de fazer pra dividir esse carinho . Como vim parar neste mundo estranho onde sentimento é uma coisa que se deve evitar, esconder e negar ? Como podem tentar me ensinar que amor é crime quando eu vim ensinar que amor é tudo ? Por que é que fui cair justo aqui, nesse lugar que fede hipocrisia, grita solidão e ecoa vazio, onde ninguém resiste à qualquer sinal de dependência emocional, por mais pura que seja ? Pra que negar, se omitir, calar ? Amar é bonito, é leve . Todo mundo ama, todo mundo esconde . Mas se devo esconder, por que sentir ? Eu só queria um pouquinho de carinho, será que é muito difícil ? Uma atenção, um telefonema, uma correspondência, dá pra ser ? Um pouquinho de companhia bastava, qual o problema ? Sentimentos nasceram para serem sentidos, não para serem escondidos debaixo da dor . Deve ter mais alguém que caiu nesse planeta solidão por acaso e não entende de fingir . Estou aqui, perambulando sem espaço, sem rumo, sem nexo, mas sei que estou certa . Você vê ? Isso que foi ensinado de negligenciar carinho, é coisa de gente que não tem carinho pra oferecer . Todo mundo, bem lá por dentro, quer esse amor de graça que parece só existir em mim .

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